Reflita
"Mas se eu tivesse ficado, teria sido diferente? Melhor interromper o processo em meio:
quando
se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais — por que ir em frente? Não há
sentido:
melhor escapar deixando uma lembrança qualquer, lenço esquecido numa gaveta, camisa
jogada na cadeira, uma fotografia — qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa
olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê. Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada
seja
áspero como um tempo perdido. Tinha terminado, então. Porque a gente, alguma coisa dentro
da gente, sempre sabe exatamente quando termina. Mas de tudo isso, me ficaram coisas tão
boas. Uma lembrança boa de você, uma vontade de cuidar melhor de mim, de ser melhor para
mim e para os outros. De não morrer, de não sufocar, de continuar sentindo encantamento por
alguma outra pessoa que o futuro trará, porque sempre traz, e então não repetir nenhum
comportamento. Ser novo..."
(Caio F. Abreu)
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